14.06.2024

Cachaceiro(a) do meu 💓

Cachaceiro(a) do meu 💓,

Você já parou pra pensar de onde vem este bordão da Frau Cachaça?

Eu costumo chamar meu seguidores assim, de “cachaceiro(a) do meu coração 💓” por dois motivos.

O primeiro deles, que é o mais óbvio, é que cachaça de alambique é feita somente do coração, ou seja, a melhor fração depois destilação. Assim como no processo de produção de qualquer destilado de qualidade que se preze, existe um corte da cabeça (os primeiros litros que saem depois da destilação) e da calda (os últimos litros após a destilação). Estes litros contém substâncias impróprias para o consumo e são usadas de outra maneira ou simplesmente descartadas. O que sobra é o coração. Como Bruno Videira, do Viva Cachaça diz, “cachaça é coração”.

O segundo motivo é mais romântico ainda. Pra sentir o clima, convido você a fazer uma viagem ao tempo comigo. Sabe “Trem das Onze”, do Adoniran Barbosa? Então, liga esse som aí, pega sua cachaça preferida e vem comigo…

Fui uma daquelas netas que passava as férias nas casas dos avós e teve que aprender a lidar com as vizinhas fofoqueiras desde cedo. A casa da minha vó ficava num bairro operário na Zona Leste de São Paulo e a rua era cheia de imigrantes europeus. Era uma daquelas casas fofinhas com caquinhos de azulejo vermelhos, amarelos e pretos na entrada. Ela cheirava a macarronada, pudim de leite condensado e… CACHAÇA.

Minha avô materna era uma matrona durona e tinha um humor mais ácido, e eu a adorava e sentia medo dela ao mesmo tempo. Ela curtia uma cervejinha e um bom papo e cheirava a leite de rosas. Meu avô paterno foi um avô maravilhoso: brincalhão, sempre bem humorado e cachaceiro de carteirinha. Típico italianinho, vivia de calça social, suspensório e um chapéu na cabeça, foi com ele que eu aprendi a gostar de Pica-Pau e a gostar de chorinho. Foi ele que me ensinou que a cachaça serve “para abrir o apetite” e como digestivo. E também foi com ele que eu experimentei Cynar pela primeira vez.

Ele também era muito carinhoso com os cinco netos e a gente podia fazer de tudo na casa deles. Meu avô nos recebia de braços abertos com um sorriso delicioso na porta da casa deles com o chorinho berrando de lá da sala. Assim que descíamos do carro ele já gritava bem alto “Lêêê do coraçããão” – coisa fofa, né? Soa familiar pra você, cachaceiro(a) do meu coração?

E assim ficou. Uma verdadeira prova de amor.

Deixo com você, cachaceiro(a) do meu coração, uma foto do acervo da minha família dessas duas pessoas que foram tão especiais pra mim, meus avós paternos dando um beijinho.

Nesta semana em que comemoramos o Dia dos Namorados e Dia de Santo Antônio no Brasil, gostaria de propor um brinde ao amor: ao amor entre avós e netos, entre amigos, entre apaixonados. Viva o amor! 💓

Beijinhos etílicos e apaixonados da Frau Cachaça

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