02.02.2024

Ao Mestre com carinho

Cachaceiro(a) do meu coração,

Hoje eu gostaria de compartilhar com vocês um pouquinho do meu passado. Se você chegou há pouco tempo por aqui, não deve saber que eu sou formada em Hotelaria e Turismo.

Quando eu cheguei na Áustria, eu estudei muito para ser aceita na Universidade de Economia de Viena, onde estudei por quatro anos. Acontece que um dia eu acordei e percebi que não estava feliz e me dei conta que estava estudando aquilo porque era algo que se esperava de mim. Comecei a fazer as contas e percebi que se parasse a tempo, poderia começar minha carreira em outro ramo e ainda me formar antes de completar 30 anos.

Não sei por que, mas na época me irritava profundamente eu não ter uma formação completa aos 24 anos. Então eu larguei tudo e fiquei meses apenas trabalhando no comércio. Eu vendia meia-calças e biquinis numa loja italiana e me diverti muito naquele verão, porém sempre mantendo em mente que o intuito era guardar dinheiro e me redescobrir. Comecei a pensar sobre minha vida, minhas qualidades, do que eu estava de fazer.

Por acaso fui visitar uma feira e me deparei com a grade da ITM, uma escola profissionalizante de hotelaria e turismo do interior da Áustria. Além da grade clássica, a instituição ainda oferecia cursos interessantes, como gastronomia, sommelier de vinhos, coquetelaria, gerenciamento de cassino e SPAs e resolvi entrar.

Jamais imaginei que seguiria carreira com isso, mas continuei – inclusive me formei depois na Manchester Metropolitan University em hotelaria também e por conta do diploma de sommelier de vinhos, ingressei durante os estudos em um hotel boutique de vinhos no coração de Viena, onde trabalhei como head sommelier por anos.

Nem preciso dizer que foi naquele hotel que a Frau Cachaça foi concebida. Foi no Hotel Rathaus Wein & Design que ofereci minhas primeiras degustações de cachaça e dei meus primeiros passos.

E enquanto tudo isso estava acontecendo, o Hans Stickler, meu professor de serviço de mesa, coquetelaria e sommelier, esteve ao meu lado me acompanhando. Ele foi, e ainda é, uma espécie de mestre. Uma pessoa que sempre contato e consulto quando preciso de algo.

Hans me acompanhou no jantar que foi preparado e oferecido pelos alunos da ITM para os alunos já formados e eu tive a idéia de perguntar pra ele que tipo de aluna eu fui. Fiz um post sobre isso hoje, então vou apenas colocar o post aqui pra você ler.

Jamais tive tanto orgulho de mim mesma como quanto na sexta-feira da semana passada. Doze anos depois de ter tomado uma das decisões mais difíceis da minha vida, eu retornei onde tudo começou, de peito aberto, podendo dizer: eu consegui.

E foi com uma certa tristeza e nostalgia que logo após o jantar, entre um e outro Martini (preparado por um aluno!) que Hans anunciou geral que aquele seria seu último semestre. Foram mais de 40 anos trabalhando na mesma instituição. Me emocionei, me considerando a garota mais sortuda da sala por ter tido aquela pessoa como um Mestre. Quem vai substitui-lo, aliás, é um brasileiro! Isso me deixou mais orgulhosa ainda. Vai, Brasil!

beijos etílicos com um toque de nostalgia

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