14.07.2023

Recordar é viver

Cachaceiro e cachaceira do meu coração.

Umas semanas atrás recebi um convite para ir a uma festinha de aniversário de um amigo meu que mora na Alemanha. Não sei se eu já te contei isso uma vez, mas minha vida na Europa começou na Alemanha, e não na Áustria, há 19 anos. Após morar na Alemanha por um ano, retornei ao Brasil onde comecei a trabalhar em uma multinacional alemã, conheci meu marido e resolvi voltar para a Europa.

Foi uma viagem ótima de 700km de carro em cada direção e foi um daqueles bate-volta bem doidos, pois voltei pra casa no dia seguinte. E é claro que eu não podia deixar de passar em frente a casa onde morei por tantos meses. Na época, era uma república de funcionários de algumas multinacionais e cada pessoa tinha seu próprio quarto. O meu era o maior que dava com a janela pra rua. Eu ficava horas sentada na janela olhando o movimento. A casa em si comportava quatro moradores mas como qualquer outra república, ela vivia cheia de gente e as festas eram LENDÁRIAS.

E por que eu estou contanto isso pra você? Porque aquela casa ali foi o início de tudo. Foi morando lá que eu peguei gosto por viagens, conheci pessoas do mundo inteiro e de todas as culturas mais diferentes, preparei minhas primeiras caipirinhas pros gringos e comecei a compartilhar a cultura brasileira, minhas raízes, para meus amigos.

Nem preciso dizer que me emocionei muito em ver a minha saudosa maloca alemã. Não foram apenas as boas e más lembranças que me inundaram de nostalgia. Eu me lembrei de mais uma coisa: foi nesta república que me apelidaram de “Frau” pela primeira vez. Isso era algo que eu já havia me esquecido.

Como eu na época saía mais cedo do trabalho e do curso de alemão, eu fazia as compras da casa para todo mundo, minha amiga cozinhava e a outra lavava a louça. Acabou que me apelidaram carinhosamente de “esposa”, de Frau, por conta disso e o apelido pegou.

O nome Frau, que significa mulher, esposa, senhora, etc em alemão voltou a ter outro significado pra mim: eu era aquela amiga que cuidava dos meus colegas de república de maneira mais maternal.

“Recordar é viver”, dizem algumas pessoas. E por mais clichê que seja, nada fez mais sentido pra mim na época do que esta frase. E é através de recordar deste passado com tanto carinho que eu me firmo e miro o futuro mais com mais confiança. E vem coisa nova por aí. ☺

Beijos etílicos!

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