Cachaceiro e cachaceira do meu coração.
Comecei a semana indo a uma Ted Talk. Se você não está familiarizado com tema, Ted Talks são palestras que acontecem com o intuito de disseminar ideias. Se você der uma olhadinha no You Tube vai encontrar muita coisa interessante por lá.
O tema da vez era “comida” e meu amigo e cliente, que tem um restaurante aqui em Viena, foi convidado para abordar o tema, o que ele fez, chamando a atenção da sociedade para o consumo desenfreado que nos leva a querer sempre consumir produtos cada vez mais baratos, que são em sua maioria produzidos por empresas que usam da mão-de-obra escrava.
Contanto que o cidadão europeu possa pagar 1 euro no seu abacate que será usado em sua salada “fit” que está na moda, ele não se preocupa com o lavrador que vive em condições análogas a escravidão na América Central, não é mesmo?
Há algumas semanas foi publicado um escândalo parecido que envolviam vinícolas enormes do sul do Brasil que estavam abusando de agricultores que eram mantidos em condições extremamente precárias, oriundas a escravidão. Percebi um silêncio vindo dos meus colegas da cachaça que estão no Brasil, pois sabemos que isso infelizmente ainda é uma prática aceita e extremamente normal. O assunto das vinícolas morreu na mídia, mas ontem meu amigo me deixou com essa pulga atrás da orelha:
Será que as cachaças que eu importo carregam esse preço? Até que ponto eu me preocupei com a qualidade do produto final, com a embalagem, com os aspectos sensoriais e em cobrir a demanda dos meus clientes e não fiz minha parte, buscando saber um pouco mais sobre as práticas empregatícias dos meus próprios fornecedores?
Eu tenho pensado muito sobre a sustentabilidade com a cana-de-açucar e com o próprio ato da destilação, mas até que ponto estamos olhando para o desmatamento das madeiras nobres brasileiras? Existe um reflorestamento dessas árvores?
Meu amigo finalizou sua palestra citando uma frase de impacto de sua falecida mãe: ação gera transformação.
Cabe a nós, profissionais da área, fazermos nossa parte e nos informarmos melhor para contribuir cada vez mais com nossa sociedade através de um consumo consciente.
Falando nisso, eu gostaria de compartilhar com vocês o mais novo episódio do Podcast The Frau Cachaça Show, inaugurando o novo quadro “É dose!”.
Como a Frau Cachaça decide o que vai importar? É a resposta a uma pergunta que recebi algumas vezes por direct no meu Instagram. Vale a pena conferir! Pegue sua cachaça preferida e vem comigo!