Cachaceiro e cachaceira do meu coração.
O primeiro semestre do ano está chegando ao fim e coincide com meu aniversário. Eu sempre fico um pouco introspectiva com isso, pois eu tento sempre refletir: o que pode ser melhorado na minha vida?
Acontece que essa semana coincidiu de eu ir a competição de coquetéis estilo Tiki um dia após meu aniversário junto com uns amigos e colegas de profissão aqui em Viena.
“Tenho que apresentar pra você esse cara. Ele trabalha com rum há uns 30 anos, bom contato pra você”, disse um amigo.
Eu o segui e dei de cara com um daqueles alemães com um estilo um tanto brega. Ele estava dando uma tragada em um charuto quando viu que estávamos indo em sua direção. Quando pegou meu cartão na mão, olhou pra mim, soltou uma baforada e deu um sorriso amarelo com uma pitada de sarcasmo e disse:
“Frau Cachaça… aham, então boa sorte!”, disse ele.
Esse tipo de comentário teria me deixado louca da vida há uns anos atrás. É como se alguém não acreditasse em mim. Mas a questão é. Nem as próprias destilarias acreditam em seu trabalho. Nem o governo brasileiro acredita no potencial da cachaça.
E é extremamente difícil empreender com cachaça. Por quem faz isso é gente apaixonada pelo que faz e trabalha sozinha.
Eu depois de quase 7 anos de estrada já percebi uma coisa:
É tão difícil trabalhar com cachaça por que até agora estávamos trabalhando ERRADO com ela. A nossa abordagem tem sido falha e precisamos reconhecer isso.
É preciso educar o consumidor e as destilarias e olhar pra cachaça de uma forma diferente da qual olhamos para outros mercados de destilados. O sorriso amarelo do cara lá não era pessoal. Ele sabe disso. Apenas escolheu trabalhar com um outro mercado mais popular e que retornasse o investimento dele de forma mais rápida. E está tudo bem.
Voltei pra casa pensando nisso e a cabecinha começou a trabalhar. Tem coisa aí que precisa ser feita. E que venha o próximo semestre de 2023.